O verdadeiro Galo da Madrugada

Ah, e não poderia deixar de comentar, fazer um desabafo, protestar, enfim, divulgar meu descontentamento com um vizinho meu.
Olha, sem muitas delongas, o tal do vizinho é um Galo, um Galo que não pára de cantar. Ele não canta, ele esperneia, pragueja o cacarejar por todos os cantos dos meus ouvidos, tímpano e todo meu aparelho auditivo.

A história é a seguinte:

O meu quarto fica virado para os fundos da minha casa que é um sobrado. Nele, ao invés de uma janela tem uma porta, grande, que dá para a sacada, isso por si só já faz com que os sons emitidos na parte de fora entrem com mais facilidade, mas até aí eu estou acostumada.
Bom, meu querido vizinho morava numa casa na rua de baixo e convivia com outros galináceos, provavelmente os membros da família. Sendo assim ele era um penoso feliz e cantava só às vezes, isso não me incomodava tanto, pois gosto dos sons da natureza, admiro com todo o meu coração. Mas o pior estava por vir. Depois das festas de fim de ano, eu suponho que o querido tenha ficado mais empolgado, ou talvez ele tenha visto um sabiá gigante voando por aí e puf! caiu no quintal do vizinho que fica bem ao lado do meu quarto, grudadinho. Nesse quintal o penoso se deparou com o bonitão do Poli, um fila brasileiro pretão, lindo...mas, com perdão do trocadalho, o Poli é mole...e virou amigo daquele bicho de penas, parceirão. Os dias foram se passando e o bicho descontrolou, começou a gritar de uma tal maneira, a todo o momento, à tarde, de magrugada, às 10 da manhã, às 10 da noite, sempre, freneticamente, sem parar. E não é um cacarejar comum é um grito de sofrimento, de dor, de solidão, afinal ele foi separado da família, por um infortúnio do destino. Ok, eu tenho dó do bichinho, mas ele não tem o mínimo de dó de mim, há vários dias não consigo dormir direito. Nos fins de semana sou acordada por uma sinfonia bagunçada às 6 da manhã. Ninguém merece.
Outro dia eu comecei a prestar atenção na gritaria, e bem ao fundo comecei a ouvir outros cacarejos, distantes. Eles cacarejavam de lá e o galináceo macho esperneava daqui. Eles estavam conversando, matando a saudade...que dó, meu Deus! Agora acho que o bichinho vai morrer de solidão, de melancolia, de banzo, como diziam os antigos. E o dono bicho-homem dele, aquele desnaturado não faz nada pra resgatar o coitado.

Eu exijo o resgate do Galo, pra eu poder resgatar o meu sono perdido.

Obrigada.

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