cachaça paia paio bituca chinelo veio pé cansado mio cozido fubá pra cume azeite de dendê cachimbo fumo de corda cabra da peste já arriado cavalo sem arreio carro de boi sem freio virgi maria nossa senhora crê em deus pai cícero de cada dia todo dia cinco da manhã junto com galo galinha e calo na mão que não é lisinha.

Casa da sogra

A casa da sogra é ilhada
Cercada de línguas por todos os lados
Sedentas
Vermelhas
Nojentas e ciumentas

Non sense

Quero parar de fazer amor com a bicicleta
Quero parar de conversar no corredor e deixar a porta entreaberta

Vou parar de falar com o copo gelado
Quero parar de escrever tudo errado

Vou desligar o meu cérebro, o guardarei bem dentro do armário
E voltarei a ser que nem eu era, lá no primário
Infelizmente não aceitamos troca. É isso mesmo senhor. Já se passaram 30 dias da aquisição. São as normas da empresa. Me desculpe, infelizmente não posso ajudar. 30 dias são 30 dias. Não são 29 e nem 31, passaram-se 30 dias e pronto. Mil desculpas, mas infelizmente não podemos fazer nada.

...

O senhor não quer dar uma olhada em outra peça? Temos vários modelos em promoção.

...

Não. Não, senhor. Se não podemos efetuar a troca, podemos muito menos devolver o dinheiro. É impossível.

...

Não, o gerente não se encontra no momento. Ele não poderá solucionar a sua questão.

...

Eu já disse: trocas após 30 dias são impossíveis. Pode ler no código de defesa do consumidor. Quer ver? Eu tenho ele aqui.

...

Senhor, já leu? Sinto muito, mas a loja vai fechar.

O verdadeiro Galo da Madrugada

Ah, e não poderia deixar de comentar, fazer um desabafo, protestar, enfim, divulgar meu descontentamento com um vizinho meu.
Olha, sem muitas delongas, o tal do vizinho é um Galo, um Galo que não pára de cantar. Ele não canta, ele esperneia, pragueja o cacarejar por todos os cantos dos meus ouvidos, tímpano e todo meu aparelho auditivo.

A história é a seguinte:

O meu quarto fica virado para os fundos da minha casa que é um sobrado. Nele, ao invés de uma janela tem uma porta, grande, que dá para a sacada, isso por si só já faz com que os sons emitidos na parte de fora entrem com mais facilidade, mas até aí eu estou acostumada.
Bom, meu querido vizinho morava numa casa na rua de baixo e convivia com outros galináceos, provavelmente os membros da família. Sendo assim ele era um penoso feliz e cantava só às vezes, isso não me incomodava tanto, pois gosto dos sons da natureza, admiro com todo o meu coração. Mas o pior estava por vir. Depois das festas de fim de ano, eu suponho que o querido tenha ficado mais empolgado, ou talvez ele tenha visto um sabiá gigante voando por aí e puf! caiu no quintal do vizinho que fica bem ao lado do meu quarto, grudadinho. Nesse quintal o penoso se deparou com o bonitão do Poli, um fila brasileiro pretão, lindo...mas, com perdão do trocadalho, o Poli é mole...e virou amigo daquele bicho de penas, parceirão. Os dias foram se passando e o bicho descontrolou, começou a gritar de uma tal maneira, a todo o momento, à tarde, de magrugada, às 10 da manhã, às 10 da noite, sempre, freneticamente, sem parar. E não é um cacarejar comum é um grito de sofrimento, de dor, de solidão, afinal ele foi separado da família, por um infortúnio do destino. Ok, eu tenho dó do bichinho, mas ele não tem o mínimo de dó de mim, há vários dias não consigo dormir direito. Nos fins de semana sou acordada por uma sinfonia bagunçada às 6 da manhã. Ninguém merece.
Outro dia eu comecei a prestar atenção na gritaria, e bem ao fundo comecei a ouvir outros cacarejos, distantes. Eles cacarejavam de lá e o galináceo macho esperneava daqui. Eles estavam conversando, matando a saudade...que dó, meu Deus! Agora acho que o bichinho vai morrer de solidão, de melancolia, de banzo, como diziam os antigos. E o dono bicho-homem dele, aquele desnaturado não faz nada pra resgatar o coitado.

Eu exijo o resgate do Galo, pra eu poder resgatar o meu sono perdido.

Obrigada.
comer com talher dá uma preguiça
queria mesmo era ficar aqui passando o tempo e enchendo lingüiça

comer com colher é um pouco melhor
mas aí a comida tem que vir batida
senão fica ruim de comer

eu queria mesmo era que inventassem uma máquina nova
uma que enchesse a barriga
sem nem a gente perceber

e quando a gente menos esperasse a criança ia crescer
crescer bem satisfeita
sem ter que pedir pra ninguém reabastecer

esse é um sonho meio distante,
ruim de acontecer
uma música vem aqui na minha cabeça
um imagem passa aqui diante dos olhos
e um perfume doce entra pelas minhas narinas

isso tudo me castiga
porque nunca pára
isso me consome
porque ouço, vejo, sinto e tão rápido você some
faz tempo que não publico nada
faz tempo que não implico
nos últimos tempos só replico, triplico
mas ninguém vê
em silêncio, suplico
suplico não sei o que

acho que estou confusa
confusa comigo mesmo
se me entendo, logo, leva pouco tempo

é uma angústia que bate, bem dentro de mim
aí suplico de novo, suplico até o fim

Pelas costas

Com um nó na garganta eu prendo meu choro O seu nó na gravata eu já não dou mais De tristeza, retorce meu estômago Por que você torce co...