Seu Migué costumava acordar cedinho
Fumar um cachimbinho
E tomar seu café
Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer quarquer criatura,
Ele poder açoitar
Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué almoçar
Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade
Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia
Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Quem, às vezes, penso que os esqueceu
Mas de dentro dos sulcos de suas rugas
Brotam a fé mais pura
E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia - se Deus quiser
Germinará o amor e toda sua doçura
E que esqueçamos toda a loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma
utilidade doméstica
Minha vida sem você, amor
É viver sem o seu calor
É estar sozinha no banheiro
Sem ninguém pra trocar o chuveiro
É estar sem as chaves de casa
E ter que chamar o chaveiro
É viver sem o seu calor
É estar sozinha no banheiro
Sem ninguém pra trocar o chuveiro
É estar sem as chaves de casa
E ter que chamar o chaveiro
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