Esqueci
Quem eu era
Não sou mais
Aquela
Que olhava pra trás
Acordei na primavera
Vendo tudo florido
Não sabendo se aquilo era futuro, passado ou um presente embrulhado num laço de fita
Não sentia o perfume
Mirava de longe um cardume
De peixes palhaços
que desciam a correnteza
atrasados para a estréia do picadeiro
protegido por dentes de leão
que viviam ao sabor dos ventos
Pelo meio do caminho
Ainda me deparei com um pergaminho
Numa garrafa de vinho
Bêbado, velho e decadente
Ele também viajara contra a corrente
E parou nos meus pés
Descalços, gelados, com calos, calados
Sorri contente
Preparei um vinho quente
Que esquentou meus pés
Assim pude, preparada, rir das palhaçadas
Feitas por aqueles peixes bicudos, que assustavam a criançada
Por fim, ganhei carona com os dentes de leão
Voei feito abelha-rainha
Então aí, caí do colchão
Virgi Maria Nossa Senhora de Pirapora
Vam’bora
Não dá pra esperar
Passa lá em casa antes do sol raiar
Vem depressa, rápido, aperta o passo
Dá cá um abraço e pára de resmungar
Tem um lugar só nosso guardado pra a gente
É logo ali na frente
Pronto, chegou.
É aqui
Dá um beijo logo
***
Depois acabou
E um gostinho aflito foi o que restou
Mas já tá bom, ele também brincou.
Vam’bora
Não dá pra esperar
Passa lá em casa antes do sol raiar
Vem depressa, rápido, aperta o passo
Dá cá um abraço e pára de resmungar
Tem um lugar só nosso guardado pra a gente
É logo ali na frente
Pronto, chegou.
É aqui
Dá um beijo logo
***
Depois acabou
E um gostinho aflito foi o que restou
Mas já tá bom, ele também brincou.
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