rojo

um vestido vermelho
num estado de coma
profundo
a gula é o pecado
e ainda falam:
-coma, coma mais.

olhos vermelhos
um rosto molhado
e se via ilhada
cheia de dor

o sangue vermelho
escorrendo
enxarcando o caminho
e se afogava
no medo

um pôr do sol vermelho
grama verde
escurecendo
o campo
que congelava as veias

e parava no ar
com falta dele
sufocada
girando bem muito
a saia rodada

e se via feliz
sem ar, sem chão, sem sol, sem fome
com ela
só ela, sem sal.
toc.
toc toc.
bate na porta e quer entrar de qualquer maneira, o Sr. Transtorno Obcessivo Compulsivo.
Vindo de uma família tradicional, quatrocentona. Com um nome desses mostra-se logo quem é.
E entra, alinhando os movimentos,
limpando a passagem e fazendo contas incalculáveis, sem chegar a lugar nenhum.
Anda em circulos e faz desenhos no ar.
Senta na ponta do sofá e não aceita nenhum café antes de lavar as mãos.
Lava, lava, esfrega e esfrega.
Olha para baixo e se veste com as cores mais combinantes.
Vai embora e não passa debaixo de escada, faz o caminho mais longo.

Antes de deitar, 3 goles de água.
No terceiro, se afoga com o 5º comprimido da noite.
E nunca mais bateu na porta.
Vivo vendo essa vida tão banal.
Queria eu que tudo isso fosse apenas um carro alegórico,
desfilando no carnaval.

Pelas costas

Com um nó na garganta eu prendo meu choro O seu nó na gravata eu já não dou mais De tristeza, retorce meu estômago Por que você torce co...