Me pega

Me cola

Cola em mim

A sua coca-cola

Gelada

Que com um gole

Esquenta na minha boca

20 pontos na testa.
7 pontos na carteira.
5 pontos faltantes no bolso esquerdo da calça.
4 pontos cardeais.
1 ponto no último jogo da mega-sena.
Nao querer discutir a relaçao ponto a ponto: menos 100 pontos com a namorada.
E termina com ela apontando o dedo na cara.
Rosa-choque.
A Rosa choca com suas unhas vermelhas-fogo.
Brega-chique.
O pai de Rosa teve um chilique ao ver as unhas da filha.
Isso porquê ele nao imagina o choque que teve Luis ao ver a calcinha vermelha da namorada.
A tirou na hora. E aproveitou a área livre, pegando fogo.

Gato mia.

Mama mia.

Cosa nostra.

Bode espiatório.

Tá espiando o quê?

Desde que cheguei nao para de olhar.

Vira essa cara pra lá, bode véio.

Veio fazer o que aqui?

E essa barba de bode? Já disse que nao pode nao.


precisão

to precisando injetar,
você na minha veia
pra sentir melhor aquele fogo que me incendeia.

to precisando inventar,
uma desculpa esfarrapada
pra dar quando chegar tarde em casa.

to precisando dormir,
tirar os sapatos apertados,
limpar a mancha de baton,
disfarçar o cheiro de cigarro.

mas espero chegar mais cedo da proxima vez
e não bater de novo o carro.

to precisando ficar em paz
esquecer tudo o que me disse aquele rapaz
e deixar de pensar nas coisas que ele foi capaz

de fazer

aquela noite

seu suor com o meu
valsa com salsa
meu pé em cima do seu
descalça

pegando carona
dançando ao seu favor
medo com amor

aquela música na ponta da língua
a sua lingua na ponta da minha orelha
receita velha

conversa pra boi dormir
mas sua piada repetida ainda me faz rir

e só mesmo aquele pó de pirlimpimpim
pra fazer a gente dormir.
Seu Migué costumava acordar cedinho
Fumar um cachimbinho
E tomar seu café

Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer quarquer criatura,
Ele poder açoitar

Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué almoçar

Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade

Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia

Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Quem, às vezes, penso que os esqueceu

Mas de dentro dos sulcos de suas rugas
Brotam a fé mais pura

E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia - se Deus quiser
Germinará o amor e toda sua doçura

E que esqueçamos toda a loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma

desilusão

Amor é como flor
Como couve-flor
Aguado
Pálido
Sem gosto

Ai, que desgosto!

utilidade doméstica

Minha vida sem você, amor
É viver sem o seu calor
É estar sozinha no banheiro
Sem ninguém pra trocar o chuveiro
É estar sem as chaves de casa
E ter que chamar o chaveiro

rojo

um vestido vermelho
num estado de coma
profundo
a gula é o pecado
e ainda falam:
-coma, coma mais.

olhos vermelhos
um rosto molhado
e se via ilhada
cheia de dor

o sangue vermelho
escorrendo
enxarcando o caminho
e se afogava
no medo

um pôr do sol vermelho
grama verde
escurecendo
o campo
que congelava as veias

e parava no ar
com falta dele
sufocada
girando bem muito
a saia rodada

e se via feliz
sem ar, sem chão, sem sol, sem fome
com ela
só ela, sem sal.
toc.
toc toc.
bate na porta e quer entrar de qualquer maneira, o Sr. Transtorno Obcessivo Compulsivo.
Vindo de uma família tradicional, quatrocentona. Com um nome desses mostra-se logo quem é.
E entra, alinhando os movimentos,
limpando a passagem e fazendo contas incalculáveis, sem chegar a lugar nenhum.
Anda em circulos e faz desenhos no ar.
Senta na ponta do sofá e não aceita nenhum café antes de lavar as mãos.
Lava, lava, esfrega e esfrega.
Olha para baixo e se veste com as cores mais combinantes.
Vai embora e não passa debaixo de escada, faz o caminho mais longo.

Antes de deitar, 3 goles de água.
No terceiro, se afoga com o 5º comprimido da noite.
E nunca mais bateu na porta.
Vivo vendo essa vida tão banal.
Queria eu que tudo isso fosse apenas um carro alegórico,
desfilando no carnaval.

Pelas costas

Com um nó na garganta eu prendo meu choro O seu nó na gravata eu já não dou mais De tristeza, retorce meu estômago Por que você torce co...