Romantismo, jabuticabas e outras mumúrias mais.

Descobri que prefiro ganhar um saco de jabuticabas pretinhas e suculentas do que receber um buquê caríssimo de flores.

Descobri que prefiro não falar nada, ao invés de tentar declamar rimas perfeitas, feitas especialmente para a pessoa amada.
O silêncio toca a alma.

Acho que romantismo verdadeiro não é aquele que está sempre presente nos anais da literatura. Prefiro romantismo sem clichês.
Quanto menos clichês, melhor.
Rompa a crosta do cotidiano. ( Uma frase de um livro que estou lendo)
Assim, as coisas tornam-se mais fáceis, leves e com menos arestas.


Outro dia, meu amigo das pseudo-crônicas me mostrou uma frase que era mais ou menos assim:

"Não somos nós que vivemos a vida, mas sim, a vida é quem vive a gente."

Na hora em que li, não dei muita importância. Mas, depois fiquei matutando com meus botões.

Fiquei imaginando a pororoca do rio Amazonas indo de encontro com as águas do mar.
É como se as imposições da vida diante de nós, estivessem de um lado e as nossas imposições sobre a vida, estivessem de outro.
Cabe somente a nós tentarmos vencer essa correnteza, ditando o nosso próprio ritmo para as coisas da vida. Não é uma tarefa fácil, mas penso que é algo possível.

Puxa, não quero parecer aqueles escritores de auto-ajuda que dão conselhos e fazem análises superficiais sobre temas diversos.
Escrevo, pois, quero apenas transmitir minha opinião sobre as coisas que vivo, vejo, ouço falar. Só isso.

Ainda continuo sem nenhuma pretensão.

Um Protesto

Eu quero mais poesia
Para aqueles que
Levam uma vida vazia

Mais romantismo
Menos saudosismo

Mais consciência
Mais paciência

Mais humanidade
Para aqueles que
Vivem na marginalidade

Mais felicidade
Para aqueles que
Vivem a vida louca de uma grande cidade

Mais mocidade
Para aqueles que
Já chegaram na terceira idade

E mais ilusão
Para aqueles que
Vivem presos à realidade

Poesia

Pois é,
Eu ia fazer
Uma poesia
Mas não sabia o que dizer
Menos ainda como escrever

Pós, eu ia
Pois, antes não fui

Ao pó, a ex ia

Então,
Virou pó
Minha poesia

Relatos desesperados e choramingos de uma jovem desempregada.

Ultimamente não tenho tido muito tempo, nem muita vontade, nem muita inspiração, nem muitas ideias para escrever coisas realmente interessantes.
Estou percebendo que minhas produções sofrem processos cíclicos. As vezes tenho boons de ideias e logo depois passo por um momento de crise e vazio.
Bom, atualmente estou vivendo o momento vazio, ou pode até ser o contrário, tenho tantas coisas pulsantes em minha caixola que não tenho condições de respirar fundo e falar de poesias e coisas que requerem um pouco mais de sensibilidade. Enfim, estou escrevendo aqui não para falar da crise que assola meu processo criativo e coisas do tipo. Mas sim para expor minha indignação com o que se refere a situação de estar puramente desempregada, ociosa, improdutiva, sem nenhuma utilidade aparente. Tudo bem, também não é preciso fazer todo esse drama, vai.

Bom, estou há três meses sem trabalhar e durante esses três meses participei de apenas três processos seletivos. É uma média boa, de uma entrevista por mês!!
Estive analisando meu currículo e pensava que era bastante competitivo, afinal estudo numa das mais conceituadas universidades do país, possuo alguma qualificação, tenho experiência profissional e coisas desse tipo. Mas acho que isso não está funcionando. Percebi que a tendência das empresas agora é de aplicar dinâmicas em seus processos. Eles chamam um mundo de pessoas, de todos os tipos, enfiam numa sala e pronto. Assim, você tem apenas dois minutos para falar de você. Mas se você tiver muita sorte e sentar no fim da roda, tem que ficar esperando horas até chegar a sua vez. Quando está na hora de se apresentar o sono já bateu, já voltou, os trabalhos da faculdade já se desenvolveram em sua mente e você não tem mais saco para falar empolgadamente e convincentemente de você ("você", no caso sou eu mesma). E o melhor é que sempre tem umas pessoas que adoram se aparecer, narcisistas que se amam mais que qualquer coisa no mundo, que conseguem impressionar os avaliadores superficiais e influenciáveis. Ah! Já sei, é claro, são avaliadores típicos da Sociedade do Espetáculo, que gostam de um exagero sem conteúdo, porque em dois minutos só é possível transmitir algo (mesmo que este algo seja vazio) utilizando os recursos de um espetáculo, inútil, cansativo, repetitivo e vazio. Sendo assim, creio que não estarei apta para angariar vagas, nas quais os processos seletivos sejam feitos através de dinâmicas de grupo.
Na última dinâmica, em que passei três horas e meia, para conseguir falar durante três minutos, eu já estava quase organizando uma rebelião ou um tipo de revolta, para todos juntos desistirmos daquela palhaçada. É claro que eu não consegui, o mundo está cheio de reacionários. Foi em vão.
Depois disso estou pensando em montar uma barraca de cordel na Praça da República e tentar viver de brisa e poesia. Sem stress, sem incômodos, sem dinheiro, sem.

Para quê serve a minha pasta preta, com trabalhos legais e coisas interessantes? Se em dois minutos só é possível pronunciar meu nome completo
( M A R I A E M I L I A D A S I L V A T O R C A T O), minha idade ( V I N T E A N O S) , onde moro ( B A R U E R I ) e
N Ã O P O S S U O C A R R O
e N Ã O, N U N C A M O R E I F O R A.
Pééééééééééé. Tempo esgotado.
Será que depois da leitura dinâmica, inventaram algo do tipo, Pronunciação Dinâmica? Vou procurar no Google e me inscrever. Quem sabe isso me ajudará?

Nova reflexão sobre o tempo

Tempo aliado da morte
Cruel
Que nos rouba a vida
Lentamente
Pausadamente
Sutilmente

Quando a vida torna-se íntima
Quanto mais nos aproximamos
Da vida
Ao mesmo tempo
Mais nos encontramos
De fronte
À morte

Como uma linha imaginária
Que separa os hemisférios
Vida e morte se unem
Por segundos
O tempo de seu suspiro
O último suspiro
Diante do tempo
Infinito

Pelas costas

Com um nó na garganta eu prendo meu choro O seu nó na gravata eu já não dou mais De tristeza, retorce meu estômago Por que você torce co...